A Inflação
O termo inflação se refere a um aumento nos preços de uma economia que acontece de maneira contínua e generalizada. Essa é a maneira mais sucinta e prática de se falar a respeito disso, porém, existem estudiosos e pesquisadores da área da economia que definem inflação como uma expansão monetária, ou seja, como um aumento no suprimento de dinheiro, mas essa segunda forma de apresentar a inflação não é muito utilizada nem difundida.
De maneira geral é comum que se divida a ideia da inflação em três principais tópicos (ou categorias), de acordo com a sua principal causa, sendo assim, existe a inflação de demanda, a inflação de custos e a inflação inercial e elas serão apresentadas mais detalhadamente e apontadas suas principais características logo abaixo.
A primeira a ser apresentada é a inflação de demanda, que é aquela que diz respeito a observação e a análise dos preços se elevando nos casos onde o poder aquisitivo das pessoas sobre de maneira não compatível com a capacidade que a sociedade e a economia de maneira geral tem para que os bens e serviços que são demandados sejam promovidos. Assim, em outras palavras e resumidamente, a inflação de demanda acontece no momento quem que a demanda ultrapassa a oferta.
Já a inflação de custos acontece na fase em que os insumos e / ou matérias primas que são necessários para que se produza determinados tipos de bens ou serviços tem o seu preço elevado, e consequentemente todos os custos dessa produção acabam sendo passados para o consumidor final. Esse tipo de inflação também é bastante comum e os exemplos mais palpáveis e possíveis de serem encontrados no dia a dia são a elevação do preço dos combustíveis e da energia elétrica.
A inflação inercial por sua vez é a que tem como característica o resultado de um impacto psicológico nas tendências das inflações de períodos passados. Assim, quando determinada economia demonstra a inflação do tipo demanda ou do tipo custos, durante um longo período de tempo ou em níveis muito altos, é quase natural que os agentes econômicos – que são as instituições e entidades que tem a possibilidade e a autonomia de realizarem operações econômicas – fiquem acostumados com essa situação de inflação e só se interessem em aumentar sistematicamente os preços, visando sempre se resguardarem. Porém, ao mesmo tempo em que fazem isso, essas instituições fazem com que haja ainda mais inflação. Essa categoria de inflação foi entendida e estudada mais recentemente do que as outras.
Como já se sabe, a inflação pode causar muitos transtornos a um país, tanto econômica quanto socialmente. Porém, ela não deve ser confundida como a hiperinflação, que é quando acontece a inflação, ou seja, todo o aumento generalizado e sequencial dos preços, porém em uma proporção muito mais elevada. Ao contrário da hiperinflação, a inflação é um fator muito comum e que acontece natural e frequentemente nas economias que estão crescendo de maneira saudável. Já a hiperinflação segue por caminhos incontroláveis e que na maioria das vezes acaba se ligando com recessões econômicas bastante severas e complicadas, que consequentemente acabam gerando diversas crises de estabilidade.
A medição de todo esse processo inflacionário é feito por meio do estudo de vários índices de inflação, que são auxiliados pelo uso de técnicas estatísticas e o principal objetivo é mensurar a inflação diretamente em conjuntos sejam de produtos ou de serviços que estão transacionados na economia. Para isso é necessário contar com uma cesta hipotética de consumo da população, que nada mais é do que um conjunto de itens em quantidades especificas que são usadas para controlar a evolução da inflação em um mercado ou na economia de maneira geral.
Só que quando se fala mais especificamente na medição da inflação como um todo, essa cesta citada anteriormente é baseada nos bens e nos serviços que as famílias costumam necessitar e consumir, considerando também uma média na quantidade das mesmas. Para isso, geralmente é realizada uma pesquisa chamada POF, ou Pesquisa de Orçamento Familiar, que determina essa cesta de consumo média. De maneira mais prática, basicamente é feita uma média ponderada das cestas consumidas por cada família e assim é possível determinar o valor necessário para a aquisição de todos esses itens.
Os índices de preços ao consumidor mais utilizados é o Índice de Laspeyres, que é utilizado para se calcular a variação dos preços de um mês para o outro, já que a quantidade consumidas nesse índice citado são fixas. Dessa forma, os índices acabam por calcular o quanto os preços de bens e serviços variam entre dois períodos, levando em consideração a ponderação devido aos gastos de cada bem na totalidade do consumo.
Atualmente, o índice mais importante no Brasil é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (também conhecido como IPCA), que foi instituído pelo IBGE e que é usado principalmente para se determinar quais são as metas de inflação. O IPCA faz a apuração da variabilidade dos preços nos bens consumidos pelas famílias brasileiras que possuem uma renda entre um e quarenta salários mínimos. Essa apuração acontece no Distrito Federal, em Goiânia e na região metropolitana de nove cidades que são Belo Horizonte, Fortaleza, Belém, Curitiba, Recife, Porto Alegre, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
Assim, para que se mensure todo o andamento dos preços, desconsiderando o efeito que os distúrbios ocasionados pelos choques temporários podem acarretar, tira-se do Índice de Preços no Consumidor (IPC) o preço do s alimentos que não passaram por transformação e também o preço do petróleo, fazendo assim com que essa medida passe a ser chamada de “inflação subjacente” ou de “núcleo de inflação”.
Maneiras De Se Controlar a Inflação
Como já foi amplamente apresentado acima, a inflação, apesar de ter um tom bastante negativo e errôneo, é um processo totalmente natural e comum na economia do Brasil mas também no mundo todo. Porém, para que a população viva de maneira adequada é interessante que a inflação seja mantida baixa – e não necessariamente fazer com que os preços baixem – mas sim fazer com que os valores que são cobrados continuem estáveis com o passar do tempo.
Até os dias de hoje muitas coisas já foram feitas para que a economia brasileira se estabilizasse e a inflação fosse controlada, sendo que as principais – em ordem cronológica – foram:
No ano de 1986, o plano Cruzado, que visava identificar e combater a inflação inercial que já foi apresentada acima. Esse plano se baseou basicamente no congelamento dos preços e na criação de uma nova moeda e a partir disso a inflação baixou de quatorze por cento ao mês para quase zero, porém, o consumo sofreu um disparo e não foi possível segurar os preços, e a partir disso a inflação voltou a disparar. Ainda no ano de 1986 houveram ajustes no plano Cruzado, o que ficou sendo chamado de Cruzado II.
No ano de 1986 aconteceu o plano Bresser que não necessitou da criação de uma nova moeda, mas se pautou no congelamento dos preços por três meses, juntamente com a realização de um ajuste fiscal. Esse plano não foi muito efetivo por diversos problemas, mas principalmente os que envolviam desajustes com mercado internacional e falta de apoio político.
Em 1989 o governo de Sarney tentou fortemente controlar a inflação com um plano de congelamento de preços e desindexação da economia, visando manter os juros elevados – juros esses que chegavam a até mesmo dezesseis por cento no mês. – Além disso também havia a ideia da mudança de moeda, na qual foi adotada o Cruzado Novo e aos poucos os preços passaram a ser descongelados, mas no final desse plano a inflação alcançou a casa dos cinquenta por cento, transformando – se ainda em uma hiperinflação de cerca de 1972% ao mês no final do ano;
Fernando Collor de Mello implementou dois planos, o Collor I e o Collor II durante os anos de 1990 e 1991, mas que no final de todas as mudanças e adaptações houve novamente uma imensa alta na inflação, chegando a 472%, o que acarretou em uma nova recessão da economia brasileira.
Finalmente, no ano de 1994, houve a implementação do Plano Real, que é o que se encontra em vigor até os dias de hoje. A principal ideia era que essa moeda pudesse ser ajustada diariamente conforme a inflação corrente – isso aconteceu mais especificamente na segunda etapa desse plano – Após isso a inflação pode ser reduzida a quase zero sem que fosse preciso acontecer um congelamento de preços. Porém, no ano de 1999 aconteceu uma considerável desvalorização do real e a partir daí a politica de câmbio passou a flutuar.
Até os dias atuais essas foram as principais maneiras de o governo combater as altas inflações no nosso país, sendo que até hoje, cerca de vinte e cinco anos depois, não foi preciso nenhum outro tipo de ação muito drástica nesse quesito, ainda que na maioria das vezes grande parte da população ainda saia prejudicada nos aspectos econômicos, principalmente a população mais pobre.