A economia é muitas vezes preditiva. Se o fornecimento de um bem é interrompido, os economistas podem dizer com grande certeza que aquilo vai acontecer com a demanda por bens complementares e substitutos. Se os níveis de abastecimento são conhecidos e a pesquisa estabeleceu o que foi feito, eles podem dizer ainda mais sobre o que vai acontecer, e suas previsões quase sempre vão estar certas. Tudo isso é verdade para muitos aspectos da economia.
O que é Ciência?
A ciência é um processo de formulação de modelos que preveem os resultados em um sistema natural sob certas condições, e depois as testa para ver se as previsões futuras estão de acordo. No entanto, o objetivo é encontrar como o modelo representa o sistema natural inadequadamente. Quando o modelo é refutado, é ajustado de modo a formar um novo modelo a partir do que se aprende acerca do sistema.
O Funcionamento da Ciência
Uma vez que existe um sistema subjacente que está a ser aproximado pelos modelos, há uma “realidade objetiva” (independentemente da concepção humana) a ser descrita pelos modelos conceituais. Os modelos de evolução representam as relações e as características que são definidas pelo sistema. Os modelos são úteis para os seres humanos e são respeitados quando refletem melhor a natureza de um determinado sistema.
Desde Descartes temos abordado a tarefa de modelos de desenvolvimento, como se os sistemas fossem mecânicos. Isso significa que as propriedades de uma peça são inerentes à sua composição e às propriedades individuais, não afetadas pelo ambiente. Podemos estudar todo o sistema, uma parte de cada vez, reunir o que aprendemos em um modelo mais abrangente. Quanto maior o número de peças e a qualidade dos componentes do modelo, melhor esse modelo deve ficar.
Como sistemas complexos foram reconhecidos e estão sendo estudados, estamos começando a perceber que ambos não estão bem aproximados pelas abordagens cartesianas. Um modelo composto por peças que são independentemente descritíveis é inadequado, pois o sistema tem interações extensas entre os componentes.
Por conseguinte, as características de uma parte do sistema são, em parte, determinada pelos componentes, e, em partes, determinadas pelas condições do ambiente dos componentes. Ou seja, os componentes que têm propriedades, dependem do contexto em que elas existem. Para entender as respostas, precisamos considerar todo o sistema de uma só vez.
Comparando
No entanto, a realidade da ciência é um universo físico com propriedades determináveis. Apenas a nossa abordagem para estudar reflete a diferença entre a ciência cartesiana e os sistemas complexos. Em sistemas complexos, o sistema evolui e há uma “linha do tempo” que impede “retro-jurisdições” (prever as condições do passado que levou a estados presentes), e de longo alcance as predições são impossíveis.
A economia, por outro lado, é um artefato da imaginação humana, e o acordo entre certos humanos que “jogam os jogos” juntos, é uma tecnologia social. Não há nenhuma realidade física subjacente, além da que é identificada pelos jogadores. Concedidas, as interações do sistema podem ser complexas, e as propriedades econômicas são determinadas pelo estudo que as pessoas fazem. No entanto, as propriedades econômicas são determinadas e limitadas apenas pelas crenças dos “jogadores”.
Para construir modelos econômicos deve-se assumir determinadas características, e os modelos passam a ser parte dos geradores de resultados. Desde que não seja intrinsecamente ligada às realidades físicas e biológicas, pode falhar de forma arbitrária, como a visão do mundo físico e biológico, ou como as pessoas que acreditam que o mundo físico e biológico existe.
A economia em grande parte reflete os sistemas de crenças humanas. Quando as restrições físicas e biológicas ficam seriamente restritas para os seres humanos, a economia torna-se irrelevante, e assim o jogo termina.
A Economia Seria uma Ciência Social?
Começando com uma definição, as ciências sociais são um grupo de disciplinas acadêmicas que estudam os aspectos humanos do mundo. Elas divergem das artes e das humanidades, em que as ciências sociais tendem a enfatizar o uso do método científico no estudo da humanidade, incluindo os métodos quantitativos e qualitativos.
A economia é claramente um fenômeno humano. Apesar de alguns assuntos surgirem baseados na economia, tais como a teoria dos jogos, a economia continua a ser um estudo de fenômenos pura e unicamente humano.
Se você não entende nada de economia, pode prever o comportamento humano. Se há muitos e muitos ovos disponíveis para vender, o preço dos ovos vai cair lá em baixo. A razão para os preços caírem, é que os fornecedores terão muitos ovos e muita concorrência para cobrarem preços mais altos.
Seguindo essa linha de pensamento, por que eu iria pagar ao vendedor ‘A’ R$ 1,00 pelos seus ovos se eu posso comprá-los da concorrência por 0,50 centavos? E acreditem, os fornecedores querem se livrar de seus ovos antes que eles comecem a ficar velhos, ou comecem estragar!
Por outro lado, se os ovos estão em falta, o fornecedor pode cobrar muito mais pelo seu ovo, pois ele pode ser apenas um dos poucos fornecedores que realmente tem ovos para vender. Os compradores precisam de ovos! Os ovos estão em falta! Se eu não conseguir encontrar um ovo por menos de R$ 2,00, eu posso ter que pagar muito por isso! Em suma, a economia é essencialmente um processo sobre como as pessoas se comportam em termos de oferta e demanda.
Logo, podemos então dizer que, apesar de a economia não ser uma ciência comum, pois seus traços passam direto pela matemática como ciência, podemos sim afirmar que é uma ciência social, pois trata definitivamente de como se define, se passa e se perfaz o comportamento humano na compra e na venda de mercadorias.
Esse relacionamento com o comportamento e o íntimo humano é que define o cunho científico social da economia na identificação das altas e baixas dos preços, na oferta e na demanda no comportamento das pessoas diante da oferta e da demanda das mercadorias.
