Doença Holandesa

O Que é a Doença Holandesa?

A chamada Doença Holandesa que vem do inglês Dutch disease é um fenômeno da economia e se refere à exportação de recursos naturais e a queda do setor manufatureiro. Basicamente quando um país tem riqueza de um determinado recurso natural que gera vantagens acaba se especializando na produção dos bens ligados a esse recurso de maneira a não passar pelo processo de industrialização ou mesmo a se desindustrializar. No longo prazo esse processo inibe o desenvolvimento econômico do país.

Por Que Doença Holandesa?

Esse problema econômico é conhecido como “doença holandesa” devido aos eventos que ocorreram na década de 1960. Nessa época os preços do gás tiveram uma escalada de preços e assim aumentou de maneira bastante significativa as receitas de exportação dos Países Baixos. A moeda do país, o florim (moeda dessa época) foi muito valorizada.

Como houve a valorização cambial ocorreu a queda das exportações de outros produtos holandeses uma vez que os seus preços se tornaram menos competitivos no âmbito internacional na década seguinte. Dessa forma concluímos que o aumento da receita de exportação de matérias primas pode causar prejuízo nas exportações de bens manufaturados de um país de maneira que ocorra um eventual declínio da indústria.

A valorização cambial pode fazer com que o setor manufatureiro se torne menos competitivo. Contudo, há que se destacar que existe certa dificuldade em determinar quando a doença holandesa é a causadora da queda do setor de manufatura. Existem outros fatores que devem ser considerados além da taxa cambial como, por exemplo, o custo do capital e o custo da mão de obra.

Recursos Naturais

Em geral a doença holandesa é ligada a descoberta de petróleo e gás natural, contudo, pode ainda fazer referência a qualquer desenvolvimento que seja resultado da entrada de moeda estrangeira em grande quantidade num país. A doença holandesa pode ser resultado de injeção de capital estrangeiro por meio de ajuda externa ou mesmo investimentos vindos de fora.

Compreendendo a Doença Holandesa

O aumento da riqueza de um país pode ter consequências negativas para o país e esse modelo foi estudado pelos economistas W. Max Corden e J. Peter Neary no ano de 1982.      O modelo econômico criado por Corden e Neary é dividido em três setores. Um setor é bastante competitivo internacionalmente como a produção de petróleo.

Outro setor é pouco competitivo no setor internacional e por fim o terceiro setor não é exposto ao cenário internacional – podemos citar o comércio de varejo, por exemplo. Na doença holandesa ocorre um aumento da rentabilidade do setor que é mais competitivo em decorrência do aumento de preços de venda ou mesmo pela descoberta de fontes novas de recursos naturais. Saiba como a economia pode ser afetada.

Como a Economia Pode ser Afetada

Desindustrialização Direta

Quando existe maior demanda de trabalhadores no setor mais competitivo economicamente ocorre uma transferência de mão-de-obra. Os salários aumentam no setor que tem maior demanda e existe um movimento de saída da mão-de-obra dos outros setores para esse que está em destaque.

Esse processo recebe o nome de desindustrialização direta. O aumento pode ser pouco significativo haja vista que as indústrias extrativas de hidrocarbonetos e minerais normalmente empregam poucos trabalhadores. Dessa forma nem sempre ocorre esse efeito de desindustrialização direta.

Efeito Renda – Desindustrialização Indireta

Esse efeito se dá pelo fato que passa a existir uma renda adicional que é gerada pelo recurso que existe em abundância. O recurso beneficia diversos agentes econômicos dentre os quais estão o Estado. A consequência dessa renda adicional é que haja um aumento da demanda de bens em especial aqueles que são produzidos pelo setor não exportador.

Com isso ocorre um aumento geral dos preços no país em especial no setor não exportador o que faz com que haja um aumento geral dos preços no país. Esse setor deve pagar insumos e salários mais altos e assim precisa elevar os preços de venda o que faz com que perca a sua competitividade internacional. Com isso o setor exportador fica menor, essa é a desindustrialização indireta.

Conclusão

A doença holandesa se caracteriza por um aumento das exportações de matérias primas que em primeiro lugar aumentaria o valor global das exportações e com isso a apreciação da moeda local, basicamente melhoraria os termos de troca. Contudo, mais tarde isso acabaria prejudicando a indústria local perante a concorrência internacional fazendo com que perdesse fatias do mercado até que conseguisse chegar novamente ao equilíbrio ou mesmo até que os fluxos de importação ficassem iguais aos fluxos de exportação.

Se as receitas geradas pela exportação das matérias primas caíssem – devido ao esgotamento das mesmas ou então por causa da queda das cotações internacionais – a indústria local que estava com a sua capacidade de produção diminuída poderia se recompor, contudo, isso aconteceria de forma muito lenta.

Países em Desenvolvimento

A doença holandesa consiste numa falha de mercado que vitima todos os países em desenvolvimento que contam com recursos naturais em abundância e baratos. Ocorre o fornecimento de uma renda que vem da produção mais eficaz e sim de diferenciais de produtividade que tem origem nesses recursos.

O resultado disso é que a taxa de câmbio que faz o equilíbrio da conta corrente é mais apreciada do que aquela que faz ser viável a produção de bens comercializáveis que usam tecnologia. A gravidade da doença holandesa pode tornar completamente inviável a indústria no país que está sofrendo com ela.

O Brasil e a Doença Holandesa

O petróleo extraído do pré-sal tem preocupado alguns economistas no sentido de que pode ocorrer a doença holandesa no Brasil. O problema está no fato de ter um ingresso abundante de dólares no país. O pré-sal pode fazer com que haja uma concentração mais elevada de exportação do país em commodities além de induzir que haja a transferência para o exterior de benefícios que os campos podem trazer para outros setores da indústria do Brasil.

Contudo, é interessante ressaltar que o Brasil tem uma economia bastante diversificada de maneira que existe uma tendência menor de que ocorra a doença holandesa. O que os economistas destacam é que se todo o dinheiro vindo do pré-sal for usado para gastos do governo vai ocorrer uma apreciação do câmbio e assim o surgimento de uma demanda maior de recursos que não haverá como a sociedade suprir.

 

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Categoria(s) do artigo:
Governo

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Comentários

  • Eu acho que você esqueceu de comentar que parte do chamado “doença holandesa” é relacionado com o período da colonização e da entrada do açúcar nas américas e Antilhas. Alguns historiadores econômicos relacionam o inicio do fator doença holandesa com o aumento das plantações de açúcar nas colônias holandesas, fazendo com que aumentasse a oferta ocasionando a baixa nos preços da commoditie, fazendo com que esses locais que se viam dependentes do açúcar ter uma baixa na sua economia e sofrendo com a redução do preço.

    Lucas 14 de novembro de 2019 3:18

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