Entendendo um Pouco Sobre o Consumismo
Antes de falarmos nas consequências do consumismo, vamos diferenciar o consumo de consumismo. O primeiro refere-se a necessidade inerente ao ser humano, consumir para sobreviver. Já o consumismo é descrito e identificado pela compra em excesso de bens e serviços, mesmo quando estes não são necessários a sobrevivência de determinado indivíduo.
Podemos ver que ao longo dos anos, o homem foi desenvolvendo tecnologias que aprimoraram o processo de transformação de matérias-primas em mercadorias, e até a atualidade isto têm se tornado cada vez mais presente, de modo a aumentar potencialmente a oferta de novos produtos no mercado. A partir disto, o consumismo têm se mostrado o gargalo da sustentabilidade trazido por meio do sistema de produção em escala. O capitalismo é a grande marca que explica o nível desenfreado de consumo mundial, momento delimitado principalmente a partir da revolução industrial, ao qual movimentou milhares de pessoas que viviam até em então no meio rural e migraram para o meio urbano.
Com uma pesada maioria das pessoas vivendo agora em grande centros urbanos, o comércio começa a ofertar mais produtos para saciar a necessidade de compra dos indivíduos que ali iniciavam a formação do mercado consumidor. A partir deste cenário, e com o passar dos tempos, este novo modo de viver, em grandes centros, foi nos trazendo pouco a pouco ao que conhecemos hoje do consumo, sendo uma nova forma de integração deste espaço social.
É visível que a população industrial suscitou uma sociedade em que as aparências são muito mais importantes do que os valores éticos e morais, levando-se em conta sempre o que o indivíduo possui e não o que ele é. Este é o caos em que a sociedade moderna retrata todos os dias, destruindo laços sociais e coletivos, e culminando em separá-las ao invés de uni-las.
A sociedade de consumo pode ser vista como uma teia de aranha, estruturada em função da acumulação. Em grande parte da vezes, os indivíduos não possuem consciência disto, quando uma pessoa compra algo, o que você compra é com o tempo de vida que gastou para ganhar esse dinheiro, e no fundo o que as pessoas gastam é o tempo de vida. Quando a sobriedade é colocada em jogo como um modo de vida, esta consciência adquirida é necessária para possuir mais tempo de vida. Conseguir conter a maior quantidade de tempo possível para aproveitar e viver como se deve viver, com as coisas que te motivam. Somos livres para querer fazermos o que bem entendermos, mas não somos quando nos impõem uma cultura de comprar e comprar, porque a coisa mais importante que temos é que estamos vivos, é o milagre de viver. A felicidade não é possuir objetos materiais, e como dizia Sêneca, ‘pobre são aqueles que precisam de muito’.
Consumismo e Suas Consequências
De acordo com relatórios de instituições respeitadas anunciam que a população mundial está consumindo muito mais do que o planeta terra pode oferecer, em se tratando de reservas existentes e a seu modo de regenerar-se. De acordo com a WWF, a população já está consumindo 30% a mais do que o ecossistema consegue repor. Em 2010 a World Watch Institute duplicou um artigo no qual informava que a população, anualmente extraí 60 bilhões de toneladas de matéria-prima bruta da natureza, e contrasta com o que retirávamos antes, há trinta anos atrás extraíamos 50% do total, nota do ano de 2010.
Não podemos negar que a tendência natural do consumo era o crescimento, haja em vista as projeções de crescimento da população mundial, no século 18 a população era estimada em 750 milhões de indivíduos, hoje somos em 7,6 bilhões de habitantes, e de acordo com projeções da ONU, em 2030 chegaremos a uma população de 8,6 bilhões. O aumento de consumo é óbvio, mas vemos que este ocorre de maneira desigual, já que enquanto algumas pessoas consomem muito mais do que necessitam, outras sofrem com a falta desta, e não precisamos nem ir muito longe para constatar isto.
Uma das consequências e preocupações quanto ao consumismo é sobre a emissão de gás carbônico na atmosfera, e em um estudo realizado pelo ecologista Stephen Pacala da Universidade de Princeton constata que as 500 milhões de pessoas mais ricas emitem 50% do CO², e em contraste, as 6 bilhões de pessoas mais pobres emitem apenas 6% do gás na atmosfera.
Além da emissão de gases na atmosfera, um dos principais problemas quanto ao consumo excessivo é a produção de lixo. No Brasil, anualmente produzimos cerca de 71 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos. Praticamente metade deste é composto por lixo orgânico, ou seja, comida, e a outra parte composta por materiais sólidos como plástico, borracha, papel, tecido, vidro, alumínio. Estes rejeitos provocam grandes impactos ambientais aos quais se destinam.