Concentração de Capitais e Dividendos no Brasil

De acordo com alguns estudos realizados sobre o mercado de ações e a detenção de ativos, foram levantados que no período que compreende os anos de 1998 até 2002, de todas as empresas de capital aberto existentes no Brasil, em média apenas um único acionista detém 36,22% do capital das empresas que estão listadas no Ibovespa. E em contra partida, em países desenvolvidos, um acionista consegue deter no máximo em média 6,34%. Podemos analisar que em países desenvolvidos, a detenção de ativos de empresas abertas são em grande parte pulverizadas e não se concentram grandemente em mãos de um único investidor como ocorre em países emergentes, como o caso brasileiro.

Esta alta taxa de concentração pode ser explicada pelos incentivos iniciais dados a abertura de capital das empresas, justamente pela falta de estímulos e desenvolvimento do mercado de capitais, estes permaneceram pouco difundidos e acabaram sendo concentrados nas mãos de poucos investidores.

Existem 5 tipos de perfis de investidores, são os indivíduos civis, o institucional, de instituição financeira, grupos de investidores e o governo. Os controladores, tem em mãos grandes responsabilidades, já que detém maior voz e controle nas tomadas de decisões, além de eleger administradores, e interferir em atividades e funcionamento de processos institucionais, ele possui o dever de priorizar o desenvolvimento e crescimento financeiro da empresa e priorizar seus objetivos e missão da instituição.

Os acionistas ordinários estão no topo do comando, são eles quem detém maiores poderes decisórios como aprovar o destino de divisão de lucratividade, intervir nas atividades empresariais e votar em outros assuntos pertinentes e de importância para a instituição. Quando as ações da empresa de capital aberto estão divididas entre vários investidores dizemos que suas ações encontram-se pulverizadas, ou seja, é o que ocorre com a grande maioria do mercado de open market de países desenvolvidos. Isto é explicado pela economia básica dos países, que possuem uma grande propensão a poupar e direcionam este capital a investimentos no mercado de capital, sendo uma cultura disseminada nestes países. E nestes países, o controle acionário não atinge nem 10% do capital votante.

Pontos Positivos e Negativos da Concentração de capitais e Dividendos no Brasil

O lado benéfico de haver certa concentração na detenção de ativos vem da explicação de que como o investidor possui grande quantidade monetária investida na empresa, estes acionistas possuem maiores incentivos a procurar informações e gerir e controlar os administradores, sendo priorizado a maximização de lucros e valorização da instituição comercial. Além de controlar e estar a par dos problemas administrativos que a empresa pode possuir em seus processos internos, estes se responsabilizam em certos momentos para auxiliar no redirecionamento das empresas, para melhores rumos de valorização.

A esta concentração podemos citar o ponto negativo, o “efeito entrincheiramento” que a partir de um momento os detentores de maiores parcelas de ativos podem intervir de maneira a priorizar benefícios privados às custas dos outros investidores. Este ponto se baseia na maior possibilidade de haver a ‘expropriação da riqueza’ dos outros acionistas participantes.

Outro ponto relevante é o grau de conservadorismo que estes acionistas possuem, teoricamente eles não possuem um alto grau de diversificação de portfólio, já que grande parte de seus respectivos patrimônios estão investidos na empresa. Desta maneira, estes investidores ordinários não são abertos a grande variação de projetos de investimento, proporcionando um alto grau de conservadorismo nas decisões internas da empresa.

Uma das características que definem este perfil de investidor em carteira no Brasil, além do sub desenvolvimento econômico, ausência de grandes taxas de poupança e consequentemente baixos níveis de desenvolvimento do mercado de capitais, podemos citar a emissão de títulos de ações preferenciais. Este tipo, que não possui atribuição de voto, são os maiores tipos de títulos emitidos. Estes papéis simbolizam e separam a noção de propriedade e os controladores, desta maneira este mecanismo age de maneira a auxiliar e potencializar o poder majoritário para poucos acionistas.

De modo geral, podemos constatar que o mercado de ações brasileiro possui um longo caminho a frente para desenvolver e o potencializar. Constatamos que como em outras economias emergentes o Brasil se mostra, como um todo, sempre muito conservador, já que quanto maior o grau de concentração do mercado mais ineficiente ele se mostra ser.

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Categoria(s) do artigo:
Governo

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