Através dos anos, o Brasil vem sofrendo uma profunda transformação social, principalmente causada pela distribuição de renda e dos meios de produção de riqueza, refletindo diretamente no gráfico de distribuição das classes sociais. Há cerca de trinta anos, tínhamos o formato de triângulo para representar a distribuição das classes sociais, com bastante gente nas classes C e D, um pouco de população na classe B e uma minoria pertencendo às classes mais abastadas da população.
Com essas transformações que a sociedade brasileira vem experimentando, esse gráfico de representação passa para um losango, em que temos menor quantidade de pessoas ocupando a classe C e D, e uma maior quantidade de pessoas integrantes da classe média, além do aparecimento de novos ricos.
O Perfil
Podemos dizer que o perfil construído da classe média existente na sociedade brasileira modificou muito nos últimos trinta anos. Hoje, a chamada classe média percebe rendimentos que vão de três a dez salários mínimos.
Boa parte desse aumento de renda foi conseguido através dos programas de combate à pobreza, promovidos pelo governo e também pelos movimentos de inclusão social praticados pelos últimos governos federais. Não podemos nos esquecer do próprio crescimento econômico que o país está experimentando desde a criação do Real.
Este grupo é o principal responsável pela boa saúde da economia interna brasileira, pois com o aumento das formas de financiamento e a consequente potencialização do poder de compra do brasileiro, a classe média passou a se interessasse por novas tecnologias e também por novos produtos e bens de consumo, o que proporcionou a melhoria do padrão de vida e promoveu uma agitação no comércio e na prestação de serviços.
E a Escalada Social Continua
Segundo pesquisa de um dos mais renomados institutos do país, a FGV, o movimento de ascensão social das classes D e E vai continuar ainda por algum tempo, na casa de oito a dez anos, aumentando ainda mais a qualidade de vida de nossa população, uma vez que a classe média já representa metade de toda a população brasileira.
Os benefícios dessa escalada social são inúmeros, pois abrange não somente uma faixa de população que está conquistando bens, status e posicionamento social, já que a abrangência desse movimento compreende ainda uma menor obrigação do poder público com ações que combatem os flagelos das classes menos favorecidas, porém os obriga a construir um melhor planejamento social para atender as classes emergentes.
A Força do Mercado Interno é Muito Importante
Um dos melhores sinais que a economia brasileira apresenta no “inchaço” que a classe média vem acumulando durante os últimos trinta anos, é a fortificação do mercado interno que a supre, e isso é de suma importância para que a economia e o padrão de vida da sociedade brasileira tenha um desenvolvimento sustentável, isto é, que o padrão de vida das pessoas cresça e que o próprio mercado econômico brasileiro também cresça, sem depender da força de qualquer capital externo.
O reflexo do aumento da classe média brasileira, que somente na última década experimentou a inclusão de mais de trinta milhões de pessoas, se deve ao aumento de vagas de trabalho, tanto no mercado formal como no mercado informal de trabalho, também a inclusão cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho, que proporciona o aumento e a transformação de renda nas famílias, o que reflete no aumento do universo de bens que entram no cotidiano dos brasileiros.
Os Cuidados
É claro que toda a ascensão tem seus perigos, e o Brasil não está isento de sofrer com os possíveis efeitos colaterais de uma crise internacional. Nossa economia, apesar de estar mais sólida, depende ainda de investimentos estrangeiros, pois ainda nos sustentamos muito devido aos excelentes números que nossa balança comercial oferece quando o assunto é exportação, deixando claro que estamos no caminho certo, mas precisamos bastante do que acontece lá fora.
Tudo isso influencia diretamente a vida econômica do brasileiro, que deve sim estar atento aos movimentos da economia para fazer as suas dívidas. Com o passar dos anos, é certo que chegaremos a um ponto em que a euforia pelo crédito que existe hoje estagnará, e o brasileiro mais acostumado a comprar do que nunca, terá de se adequar melhor às novas regras que virão.
O que a Classe Média Deve Fazer?
Como dissemos, o momento está sendo o de prestações a perder de vista e de comprar, principalmente para os que ascenderem socialmente de classe, mas é sempre importante manter a prudência e seguir algumas primícias para garantir segurança e tranquilidade na administração de seus recursos. Para que isso aconteça, é importante que:
- Exista um orçamento mensal escrito;
- Viver dentro do que o seu salário provém;
- Sempre que puder, comprar avista;
- Evitar os empréstimos pessoais com planos muito longos;
- Quando fizer um empréstimo, verifique o valor total dos juros;
- No caso do cartão evite o parcelamento, pois isso faz com que você pague duas ou três vezes o que você devia;
A Conscientização da Sociedade
A evolução do padrão econômico da sociedade é muito importante para o desenvolvimento de diversos fatores que compões o bem estar de uma sociedade, mas mais importante que todos esses fatores é a conscientização dessas pessoas, para que elas não abusem das facilidades do crédito e para que não gastem além do que podem comprometer para o seu sustento básico.
É necessário que tenhamos uma consciência de que a sociedade forma uma grande cadeia, que compreende pessoas que são prestadoras de serviços e que também são consumidoras, e que quando os consumidores gastam mais do que podem pagar, eles prejudicam os prestadores, que por sua vez veem sua renda diminuída e também diminuem seus gastos, criando assim um movimento retroativo, que se aumentar demais vira o que chamamos de recessão. Esperamos que você tenha adquirido essa consciência e passe adiante, pois é importante para todos.
